Macron sinaliza possível assinatura do acordo UE-Mercosul para 20 de dezembro
Encontro em Paris reúne empresários e ex-presidente Michel Temer destaca apoio ao tratado
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O aguardado acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul foi o tema central do Brasil França Fórum, realizado em Paris nesta quinta-feira (27), promovido pelo grupo Lide, fundado pelo ex-governador de São Paulo João Doria. Durante o evento, os empresários brasileiros se reuniram com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, para debater a questão.
Segundo o ex-presidente Michel Temer, que participou do encontro, Macron expressou confiança de que o acordo poderá ser assinado no dia 20 de dezembro, embora tenha reforçado sua oposição à versão atual do texto.
O empresário Luiz Fernando Furlan relatou que Macron mencionou a necessidade de incluir cláusulas que protejam as denominações de origem controlada, como o famoso queijo brie e os espumantes da região da Champagne. Além disso, ele destacou a importância de estabelecer limites para a entrada de produtos do Mercosul, caso isso cause desequilíbrio em setores específicos.
Na última semana, o presidente Lula anunciou que a assinatura do acordo está prevista para o dia 20 de dezembro em Brasília, durante uma reunião do G20 realizada em Joanesburgo, na África do Sul.
Os participantes brasileiros do fórum receberam a notícia da provável assinatura com otimismo, enquanto a delegação francesa demonstrou cautela. A França, preocupada com o impacto sobre seus agricultores, continua buscando barrar o acordo ou, ao menos, incluir cláusulas de salvaguarda e regras de reciprocidade para proteger seus produtores locais.
Hoje, o Parlamento francês aprovou, pela segunda vez neste ano, uma resolução contrária ao acordo, embora a votação tenha caráter meramente simbólico. A ministra da Francofonia, Éleonore Caroit, afirmou que "a França ainda está negociando para garantir a cláusula de salvaguarda, que é vital para nosso setor agrícola". Caroit é membro do mesmo partido de Macron, o centrista Renascimento.
A prefeita da região Ile-de-France, Valérie Pécresse, sugeriu a realização de uma conferência em 2026 para discutir o tema, enfatizando a necessidade de reciprocidade nas negociações. "Acredito que chegaremos a um consenso", concluiu.
Temer reiterou seu apoio ao acordo, independentemente do governo em exercício, lembrando que as negociações já se arrastam há mais de duas décadas. "O que realmente importa é o Brasil e, especialmente, a conexão com a França", afirmou.