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Correios registram prejuízo de R$ 6 bilhões até setembro de 2025

Dificuldades financeiras da estatal se intensificam com queda nas receitas e aumento nas despesas operacionais

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Correios registram prejuízo de R$ 6 bilhões até setembro de 2025

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BRASÍLIA, DF – Os Correios enfrentam um sério desafio financeiro, acumulando um prejuízo de R$ 6,1 bilhões nos primeiros nove meses de 2025, conforme as demonstrações financeiras divulgadas pelo conselho de administração da companhia nesta sexta-feira (28).

Esse rombo é quase três vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2024, quando o resultado negativo foi de R$ 2,14 bilhões. De acordo com a estatal, a situação é resultado da queda nas receitas e do aumento das despesas operacionais, além de exigências mais rigorosas em relação a obrigações judiciais e trabalhistas.

Os Correios estão atualmente em negociações com instituições financeiras, tanto públicas quanto privadas, para obter um empréstimo de R$ 20 bilhões, que será atrelado a um plano de reestruturação da empresa. O plano inclui medidas como um programa de demissão voluntária (PDV), reformulação do plano de saúde, fechamento de agências e um novo plano de cargos e salários.

Além disso, a companhia estuda transferir parte de seus imóveis para a Emgea (Empresa Gestora de Ativos), com o objetivo de acelerar a venda desses bens e injetar recursos no caixa da empresa.

A necessidade de um plano de socorro se intensificou após a troca na direção dos Correios, que agora é liderada por Emmanoel Schmidt Rodon, ex-funcionário do Banco do Brasil.

No primeiro semestre, os Correios já haviam reportado um prejuízo de R$ 4,37 bilhões, três vezes maior que o resultado negativo de R$ 1,35 bilhão do mesmo período do ano anterior. A nova divulgação mostra um resultado negativo de R$ 1,69 bilhão apenas entre julho e setembro de 2025.

Apesar de uma redução em relação ao segundo trimestre, esse resultado evidencia a fragilidade financeira contínua da estatal, que acumula prejuízos desde 2022, após ter apresentado resultados positivos entre 2017 e 2021, impulsionados pela alta no comércio eletrônico durante a pandemia de Covid-19.

A queda nas receitas, que totalizaram R$ 12,8 bilhões até setembro, representa uma diminuição de 12,3% em comparação ao ano anterior, com o setor de postagens internacionais sendo o mais afetado, caindo de R$ 3,17 bilhões para R$ 1,13 bilhão.

Além disso, os custos com pessoal aumentaram de R$ 7,72 bilhões para R$ 8,25 bilhões, uma alta de 6,9%, reflexo de um acordo coletivo que concedeu reajuste a mais de 55 mil empregados.

Os Correios reconhecem que, apesar de avanços em transformação digital, ainda enfrentam desafios estruturais que comprometem sua competitividade, como a diminuição das receitas em linhas tradicionais e a rigidez de custos. A crescente quantidade de precatórios também impacta negativamente a situação financeira da empresa, que possui um saldo de R$ 2,48 bilhões a serem pagos, cinco vezes maior que o registrado no ano anterior.

O governo já precisou ajustar R$ 3 bilhões em despesas do Executivo para compensar os resultados negativos dos Correios, que podem afetar ainda mais as contas fiscais em 2026.