Venezuela suspende voos da GOL e de outras companhias em meio a crise com os EUA
Decisão do governo venezuelano é motivada por tensões políticas e militares com Washington

O governo da Venezuela cancelou as autorizações de tráfego aéreo de seis companhias internacionais, incluindo a brasileira GOL. A medida, anunciada na noite de quarta-feira, 26, também afeta a TAP (Portugal), Iberia (Espanha), Avianca (Colômbia), Latam (Chile) e Turkish Airlines (Turquia). A decisão é considerada de natureza política, conforme reportado pela imprensa internacional.
Segundo o jornal El País, o regime de Nicolás Maduro alega que essas empresas estão associadas a ações de "terrorismo de Estado" promovidas pelos Estados Unidos, devido à suspensão unilateral de voos em resposta ao aumento da tensão militar entre Caracas e Washington.
A revogação das autorizações foi publicada no Diário Oficial da Venezuela e ocorre após essas companhias já terem cancelado voluntariamente suas rotas para o país, em decorrência de um alerta da Administração Federal de Aviação dos EUA, que indicou um "risco potencial" ao sobrevoar o espaço aéreo venezuelano. As empresas que interromperam voos incluem TAP, GOL, Avianca, Latam, Turkish Airlines e Caribbean Airlines.
As companhias Air Europa e Plus Ultra continuam autorizadas a operar, mas também reduziram ou suspenderam parte de suas operações devido ao clima de instabilidade. O consulado de Portugal em Caracas orientou os passageiros com viagens agendadas a entrarem em contato com suas companhias aéreas ou agências para verificar alternativas, especialmente considerando a preocupação da comunidade portuguesa e luso-descendente na Venezuela, que é composta por cerca de meio milhão de pessoas e costuma viajar no fim do ano para visitar familiares na Europa e no Brasil.
Esse cancelamento de voos se insere em um contexto de escalada militar dos Estados Unidos na região do Caribe, onde o governo Trump tem mantido navios de guerra e realizado cerca de 20 ataques a embarcações acusadas de transportar drogas, resultando em dezenas de mortes. O governo venezuelano afirma que Washington usa a luta contra o narcotráfico como pretexto para tentar promover uma mudança de regime e controlar as reservas de petróleo do país.