Galípolo comenta sobre tarifas dos EUA e seus efeitos na economia global
Presidente do Banco Central destaca que impactos não foram como esperado e analisa cenário inflacionário

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reiterou nesta segunda-feira, 1º de dezembro, que as consequências das tarifas impostas pelos Estados Unidos à economia global não se concretizaram como se previa. Durante sua palestra no XP Fórum Político & Macro 2025, em São Paulo, ele destacou que ainda persiste um debate sobre uma possível defasagem, mas que o cenário inicialmente projetado não se confirmou.
Galípolo apontou que, no que diz respeito à inflação, a percepção predominante no mercado é de que as tarifas devem provocar uma alteração no nível dos preços, em vez de desencadear um processo inflacionário mais amplo. "Portanto, não se observa uma desancoragem da inflação em períodos anteriores", comentou.
O presidente do BC também mencionou que, no futuro, espera-se uma pressão inflacionária reduzida, impulsionada pelo impacto da inteligência artificial (IA) no aumento da produtividade, o que pode resultar em um "mercado de trabalho mais flexível". Ele afirmou: "Essa combinação de crescimento da produtividade com um mercado de trabalho mais solto tende a criar um cenário menos inflacionário".
Embora essa visão seja compartilhada pela maioria dos investidores estrangeiros, Galípolo ressaltou que os banqueiros centrais mantêm uma postura mais cautelosa. "Sempre há uma ressalva maior por parte dos banqueiros centrais, enquanto o mercado demonstra um otimismo maior em relação à IA", completou.
De acordo com o boletim Focus, a expectativa do mercado para a inflação oficial (IPCA) diminuiu de 4,45% para 4,43% em 2025. Em outubro, a inflação foi de 0,09%, a menor taxa para o mês desde 1998. A taxa Selic permanece em 15% ao ano, com possibilidade de redução gradual até 2028.